No inicio da semana que começou no dia 8 de janeiro, Mariana Nzinga postou em sua página no Facebook algumas fotos de sua família no Passa-Cinco, desfrutando a paisagem florestal na primeira lagoa. Aparece ao fundo uma imagem de uma cobra, que na verdade é uma cobra jararacuçu-tapete. Algumas pessoas apressaram-se a desmentir e até foram ao Parque Natural Tancredo Neves e pegaram um galho de árvore para dizer que o assunto era um blefe.
Mas não é. Se um policial fizer uma perícia na foto dos caras tirando o pedaço de pau, perceberão que eles (os caras) estão em outro cenário. Não estão na cena do “crime”. Eles retiraram um pedaço de madeira, mas em outro trecho da lagoa. Naquela foto que Mariana Nzinga postou você tem uma cobra e é uma jararacuçu-tapete, possivelmente. No Passa-Cinco tem muitas destas cobras. Eu vi uma delas em 1994, quando morei lá durante 30 dias, comendo batata-doce, talo e folha de couve, além de frutas silvestres e bebendo água de nascente. Eu vi uma serpente de quase 02 (dois) metros.
Anos mais tarde, convivendo com o Senhor Olímpio, Coordenador do Viveiro do Passa-Cinco, ele me falou que o Parque tem muitas delas e que já tinha visto várias vezes jararacuçus de espécies diferentes, incluindo a mais popular que é a jararacuçu-tapete. No Brasil, a maioria dos acidentes envolvendo pessoas picadas por cobras são atribuídos aos ataques de jararacuçus. Uma cobra dessas pode viver até 20 anos.
Em 2011, levei vários adolescentes assistidos pelo do CRAS para uma visita de Educação Ambiental, quando eu era Diretor daquela Unidade de Conservação. Ao passar por uma trilha, avistamos o bambuzal da segunda lagoa, designada por ambientalistas como a lagoa da jararaca, por causa da grande quantidade desta espécie que fica por ali.
Em dado momento, uma adolescente de 14 anos, Thaline Santos (filha do antigo presidente da Associação de Moradores do Bairro de Fátima, Gismar Tomáz dos Santos, irmão de Chumbinho), falou para todos: “cuidado, aqui mora a cobra-mãe, uma enorme surucucu (nome também dado à jararacuçu). Minha mãe falou que já viu. Ela é a mãe de todas outras cobras!”.
Em 2015, durante a execução do Projeto Rio Piranga, fomos pegar mudas para plantar nas margens do rio Piranga. Quando chegamos próximo a um dos canteiros, junto com o Senhor Olímpio, ele falou: “não coloca a mão. Tem um filhote de cobra enrolado na muda de cássia-imperial/chuva-de-ouro)”.
As pessoas costumam dizer: “eu mato a cobra e mostro o pau”. Como eu não mato animais, digo: “Eu vejo a cobra, fotografo e mostro a imagem!”. (foto acima)