Mau Oiado X Ecochatos
O texto abaixo foi concebido em linguagem “mineirês” puxado para um “Goianez”, portanto que os críticos acadêmicos da nossa idolatrada língua pátria, que possam ainda estar policiando essa área, não se arrepiem. Percebam que eu escrevi em mineirês (com chapeuzinho e “s”) mas como fui eu que inventei o Goianez, rss (escrevi com o mesmo “z” de “querozene”.
(Eu adoro Z, pra prestigiar meu amigo e correspondente local ZZnews (*)
É de se prever portanto que tecendo tanta ironia e anarquizando a língua Portuguesa, jamais serei cogitado para tomar posse de cadeira em academias de Letras. Mesmo porque pagando uma mensalidade posso freqüentar a de ginástica e assim morrerei feliz e consolado.
A estória (ou história) é de uma árvore que quase provoca uma guerra entre dois amigos e compadres. O autor, que sou eu, se baseia num fato verídico, mas troca alguns nomes (nem todos, rsss) e espera que nenhum dos dois envolvidos possam descobrir que levei isso à público.
– Foi ai que o meu cumpadi Zorberlino aqui de Petrolina de Goiás, “uma cidadezinha perto de Goiânia” e por coincidência distante também 90 kms.) querendo fazer um muro na frente de sua casa e tirando uma linha na lateral mirou um tronco cheio de foia verde e frutinhas, bem vivinha, bem frorida, bem na divisa, bem em riba da risca que nem esse políticos de hoje, mas que o vizinho Astrogildo achava que tava do lado dele. Parecia uma arve do PSDB, cê nunca sabe de que lado ela ta. rsss
-Cumpadi Zoberlino, pra cortar essa arve só se fô pro cima do meu cadáver, disse o cumpadi Astrogildo (o vizinho)-Ôce faz o muro e deixe ela coitadinha em paz. – Dá a vorta.
Discute daqui, discute dali, nada de acordo e o cumpadi Astrogildo chateado com o amigo de muitos anos, influenciado pelos amigos de seu fio na cidade, que pertencem a tar duma ONG que defende a natureza e proíbe machucar as pobre arves. – Essa gente cumpadi, tem muito poder e faiz muito baruio.
Aqui na cidade, nossa Goiânia que o dia o Roberto chamô de fazenda asfartada a gente chama esses caboclo de ecochatos.
-Num fala isso por aqui cumpadi, pru modi dá inté morte.
E assim, o minino do Astrogirdo, quIria pru que quiria que a arve ficasse lá pru bem da tar natureza. Ieu inda brinquei com cumpadi Astrogirdo: – Cumpadi, seu fio podia ser estrategista, eletricista, umbandista, velocista, comunista, pacifista, trapezista e foi escoiê, logo ser Onguista? Oia cumpadi se ele fosse passista de escola de samba ele podia ficar mais famoso que o Joaquim Brabosa, mas deixa isso prá lá.
Nesse ponto, cumpadi Zoberlino recebe a minha visita e adespois de ieu me lambuzá todinho com um franguinho ao moio pardo qui ieu insinei prele como se fazia lá em Minas, ele gardeceu e pediu muito sem jeito, pra ieu da um parpite, acerca do cumpadi Astrogildo, que era meu amigo tombém, mas nem tanto.
E me contou toda a encrenca de novo qui ieu já tava cansado de saber, sobre a tal arvezinha que ieu já antecipei procês ai no comecinho.
-Eu disse, cumpadi, o jeito é ocê, rodiar a bichinha e lançá um mau olado nela e o pobrema ta resolvido, sô. Uma reza braba, encomendada, num faia. Quando eu morava na Vorta do Gato tinha um veio chamado Joaquim cachimbão e ieu morria de medo dele quando era criança lá em Ponte Nova. Quando ele me oiava eu descia correndo pra rua de baixo pra me benzer com a veia Rizoleta.
-Mas cumpadi, ieu num tenho esse podê todo, num vai dá certo, além de ieu num cunhecê nenhum macumbero por essas rendondeza e o cumpadi Astrogildo é um home escrarecido, tem fio estudano na cidade, num querdita nessas coisas de mau oiado, praga.
O negócio dele é essa tar ONG, incrusive eu descobri que ela recebe dinheiro da nossa Prefeitura aqui. Gozado cumpadi dizem que significa Organização Não Governamental e cumé que esse troço funciona é com dinheiro do governo?
-Eu disse, cumpadi, esquece esse assunto de política e vamo resorvê nosso pobrema, disse ieu:
– Passa lá naquela Casa da Lavoura na Av. Castelo Branco em Goiânia e pega essa receita de mau oiado com o meu amigo Sílica e ele vai te dá um pozinho branco mágico, feito por um daquês feiticeiros lá da Ingraterra, dos tempos do tar Rei Arthur, (bruxaria pura) ocê mistura numa água filtrada, benzida (tem que ser por um padre católico, pois o troço só funciona quando o benzedor tem batina preta e aí joga no pé dela e fica lá pelo menos uma meia hora por dia, oiano, oiano, oiano e deixa o cumpadi Astrogildo saber qui ocê ta rogano uma praga, sem que ele veja o pozinho branco.
Tiro e queda, num faia e ele ainda vai ficá morreno de medo docê.
Agora se ele inxergá o tar pozinho, cê ta ferrado cumpadi, vem ONG, vem IBAMA, vem Prefeitura, Vem deputado federal, vem ex-vice-prefeito e ao invés doce cherá o “puro verde” quando levantar cedinho, ocê vai viver o inferno verde zodiacal da sua vida. E num vai falá que fui ieu que instiguei ocê, pruquê ieu vô dizê qui tem 3 anos qui ieu num te vejo.
Inté Cumpadi, quarqué dificulidade procura ieu lá em Goiânia, discretamente e vai um conselho final:
– Se eu fosse ocê, fazia esse muro e quando chega pertin dessa rainha das foia verde, ocê dá a vorta e deixa ela todinha do lado do cumpadi Astrogirdo. Ainda se fosse aquela tar Oiticica siamesa lá de São Romão em SP, inté qui dava pra ieu sugeri nóis contratá um veterinário e nóis passava esse muro no mei das perna delas. Easia gostá. – Ficava metade prá lá e metade pra cá.
(*) ZZnews, meu correspondente ai em Palmeiras, não posso revelar o nome, por ora.