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Não compre gato por lebre

 

Quando você vai comprar uma roupa numa loja examine o avesso do tecido. Se o xadrez ou o listrado for igual tanto no direito, como no avesso do tecido usado na peça, ai você estará comprando uma roupa confeccionada com um tecido FIO TINTO. (geralmente ele custa mais caro, não só pela excelência na aparência, como pelo custo em si na produção)

O que é um tecido com FIO TINTO? –
Imagine um tear tecendo aquele tecido e verá que ele está usando fios tingidos, já prontos e que o tingimento foi previamente feito no fio. Os fios do urdume correm no mesmo sentido das ourelas e podem ter cores diversas, contrastando com o fio da trama que vão formar o xadrez multicolorido desejado.

Se o fabricante quer produzir apenas um listrado, então ele vai entrar com o fio da trama na cor natural e introduzir no tear os fios coloridos na quantidade suficiente para formar o listrado desejado.

O que vem a ser um FUNDO TINTO.

É quando você pega no tear um tecido somente com fios na cor natural da fibra, algodão ou poliéster ou viscose, etc. e o tinge para fazer a base do fundo e estampar um listrado, um floral, um xadrez, mas dessa vez montando uma sobreposição que é como se fosse uma silkagem. O resultado é diferente do FIO TINTO. Pelo avesso, dá pra notar que o tecido não saiu do TEAR daquele jeito, mas sim, que alguém fez um trabalho sobre o tecido liso, simulando aquele que seria um fio tinto.

Muita gente pensa que o tecido branco, é um tingimento. Não é. O Branco é nada mais nada menos que aquele processo artesanal que você conhece e que sua avó praticava no passado, cozinhando o algodão cru, fervendo varias vezes em alta temperatura nos tachos, até ficar branco. Esse é o mesmo processo usado pelas tecelagens de forma industrial, usando tecnologia moderna para branquear rolos de 6 a 8000 metros, onde se produz o branco para estamparia e o chamado Branco ótico, um processo onde se adiciona um produto ao cloro, para obter um branco super.

Geralmente o fio tinto, é mais relevante e considerado na camisa masculina, pois você dobra a manga comprida e fica horrível quando é estampado, e já  na bermuda essa condição de “inferioridade técnica” fica mais camuflada.

A estamparia no entanto permite recursos incríveis na aparência de tecidos diversos, pois com excessão de listrados e xadrezes, onde os fios tintos são imbatíveis, as estampas florais, geométricas, infantis, dão um show pois não podem ser reproduzidas com a mesma facilidade em teares, a não ser pelo processo de maquinetas que encarece muito o trabalho e mesmo assim, mesmo assim, nesse caso, fica longe da qualidade que se obtém com os cilindros.

O processo usado para se estampar um tecido industrialmente é quase um replay da silkagem em camisetas que é mais fácil de ser identificado pelo consumidor comum. Os cilindros geralmente possuem 64 cms. de diâmetro e são encaixados sobre uma esteira onde o tecido gira a uma velocidade de 40 até 80 metros por minuto. A máquina que executa esse processo é famosa e é conhecida como STORK. Ela tem aproximadamente uns 30 a 40 metros de comprimento por 3,5 de largura e pode produzir em media 800 mil a 1.000 milhão de metros por mês.

A diferença entre silkagem e estamparia em cilindros é que o primeiro é artesanal e cada quatro aprox. de 0,40 cms. de raport produz uma cor e você desejando mais cores, vai inserindo mais quadros e a fixação é simples, pois a própria tinta já contém o produto que vai fixar o desenho na camiseta ou qualquer outro objeto que se queira.

No tecido uso industrial, o tecido rola por debaixo dos cilindros que ao perceberem esse movimento, são pressionados pela máquina, via sensor e a tinta é pressionada pelos poros do cilindro por um sistema de pressão à vácuo (ao contrário das espátulas manuais usadas na silkagem) e assim, cada cilindro superposto, joga a tinta nos encaixes determinados previamente pela gravação, formando o desenho proposto em larga escala de produção.

Mesmo na produção industrial existem muitas diferenças na qualidade de estamparia de uma fabrica pra outra. Por exemplo: Existem alguns estampados que apesar de você ver a peça na loja, linda maravilhosa, ela pode estar com um mau cheiro próximo do mesmo que o querosene espele. Se for esse o caso, não compre se desejar um tecido que tenha qualidade e mais durabilidade, pois significa que foi usado produto de má ou baixa qualidade e estampa vai se desfazer facilmente na primeira ou segunda lavagem.

Um tecido pois, estampado, de boa qualidade não pode ter mau cheiro, ou seja, ele não pode ter cheiro algum pelo menos muito forte.

Para que você possa se nortear no momento da compra de uma peça de roupa, avalie sempre aquilo que qualquer leigo percebe no toque. A qualidade do tecido. Não se deixe levar pela etiqueta com nomes famosos e badalados em TV, porque nesse caso, com certeza vc. vai pagar por um valor agregado que estará remunerando aquela “assinatura”, custo de publicidade em revistas, TV e até mesmo o local onde está a loja.

Um tecido Indigo (vulgarmente conhecido por Jeans) vai custar na Fábrica, no máximo R$10 a R$12,00 por metro e assim os outros tecidos está nessa faixa, pouco mais ou pouco menos. Se vc. considerar no custo industrial 1,5 no máximo por peça, em média, cada peça de roupa que vc. comprar numa loja de multimarcas, vai conter no máximo R$15,00 de tecido já com todos impostos incluídos.

Se você pagar R$200,00 numa camisa que poderia ser vendida no máximo por R$90 a R$100,00 essa diferença você já sabe pra que bolso vai.

Claro, existe o financiamento (custo cartão de credito) existe o custo do transporte pra cidades pequenas do interior, existe o aluguel da loja, a comissão do vendedor, os impostos locais, o custo de manutenção de um shopping com seguranças e os confortos oferecidos.

Você podendo fugir disso, sempre encontrará um produto similar bem mais barato, com a mesma qualidade.

Luiz Bento é Representante comercial do ramo têxtil em Goiânia.
Natural de Ponte Nova, MG