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GENTE VIVE COMO RATO EM ESCOMBROS ÀS MARGENS DO RIO PIRANGA

O nome dele é G. e mora dentro de um buraco como rato, às margens do rio Piranga, na Vila Alvarenga. Mais precisamente na beira linha, nos escombros das casas que foram derrubadas pela Defesa Civil, há três anos. Não gosto de argumentos para derrubar casas, tais como: servem de esconderijo de bandidos, para casais praticarem sexo e usar drogas. As casas devem ser demolidas quando não existir mais qualquer chance de recuperá-las.

            Quando se debate sobre isso, as pessoas se esquecem que a maioria destes indivíduos, que usam drogas nestas casas em escombros, é marginalizada pelo poder público que não têm política para resolver a questão. O que se faz em Ponte Nova para combater o uso de drogas, principalmente o devastador crack? Além do CETERVIDAS (clinica de recuperação de dependentes químicos), o que se vê é a repressão policial. Não temos política pública para isso. E se tem, é muito tímida.

            Há três anos debati a criação de uma clínica ao ar livre, com acompanhamento de profissionais da saúde. O Projeto Verde Social da Organização Ambiental Puro Verde não foi pra frente por falta de um lugar apropriado. Pensamos na antiga sede do Demutran, mas nada. Fizemos reunião com os dependentes químicos, que estavam meio arredios, mas dispostos a entrar no processo de atendimento.

            A “Folha de Ponte Nova” replicou um artigo meu sobre o caso em questão, no ano passado, destacando as propostas da Organização Ambiental Puro Verde. Faço uma proposta de pauta aos companheiros de imprensa: façam uma reportagem na Vila Alvarenga, exatamente com o G. e os outros dependentes químicos que usam uma casa de tábua com lona por cima. Moram lá, fazem necessidades fisiológicas no fundo do quintal e tomam banho no rio Piranga.

            O poder público tem que acordar para esta situação deprimente em nossa cidade. Ponte Nova vive uma situação atípica. São duas cidades: uma real e outra fictícia. Uma de faz de conta, com dezenas de construções clandestinas e casas velhas servindo de abrigo para seres humanos desiludidos. O governo federal tem dinheiro aos borbotões para combate ao uso de droga, notadamente o crack. Por que então esta situação? Tem de existir mais decisão no setor.

            A ONG Puro Verde tem proposta para o setor e quer trabalhar imediatamente. Temos que combater a situação no cerne. Não adianta só dar remédio, como acontece no CAPS. É preciso criar referencial para a laborterapia. Esta, sim, contribui para a recuperação dos dependentes químicos. Falo daqueles que se recusam o tratamento em clínicas e não querem ir ao CAPS.