A praça! A praça é do povo
Como o céu é do condor
É o antro onde a liberdade
Cria águias em seu calor!
O poeta Castro Alves (Antônio Frederico de Castro Alves) nasceu na fazenda Cabaceiras,território pertencente à vila de Nossa Senhora da Conceição do “Curralinho”, hoje cidade de Castro Alves, no estado da Bahia. Morreu jovem, com apenas 24 anos (14 de março de 1847 a 6 de julho de 1871). Os versos que abrem este artigo são de sua autoria.
Pena que não se aplica em Ponte Nova, notadamente em Palmeiras, onde o belo jardim, arquitetura criativa de Antônio Brant Ribeiro, Tony Brant, pai do escritor Antônio Brant Ribeiro (Tuíco Brant) e de João Brant, jornalista que incendiava Ponte Nova com seu semanário “O Município”, vem sendo invadido sistematicamente com ocupações desastradas e que descaracterizam sua função.
O espaço de múltiplo uso do Jardim de Palmeiras, criado na gestão do Prefeito Dr. Taquinho Linhares (2005-2008), na versão de urbanismo do Arquiteto e Urbanista Artur Senna Avelar, com apoio substancial das arquitetas Carla Romanholi e Ana Cristina Santos (Tininha), vem sendo constantemente transformado em palco de interesses comerciais, com gente vendendo de tudo. O local está se parecendo com o antigo camelódromo, com a conivência das administrações municipais, desde 2009.
Na gestão de Zezé Abdalla iniciou-se dura campanha do Codema para que os camelôs, com suas feias barracas, saíssem do Jardim de Palmeiras. Como presidente do Codema fui ameaçado pelos camelôs, não sendo agredido graças à atuação de Geraldo Jannus, que contornou o assunto e me tirou da praça naquele ano de 2003. Sofri crítica de muita gente, mas a decisão da plenária do Codema chegou ao Ministério Público.
O camelódromo, na Rua Assad Zaidan, obra iniciada em 2004, sob a coordenação do Secretário de Obras, o vice-prefeito Baltazar Antônio Chaves, foi inaugurado em 28/10/2006 e preservou as árvores (patas-de-vaca), que os camelôs não queriam. Mais uma vez interferi e o prefeito Taquinho Linhares acatou a decisão do Codema. Hoje, debaixo da sombra dos galhos, folhas e flores cor-de-rosa das árvores, os camelôs, que saíram do Jardim de Palmeiras, não se cansam de me agradecer, principalmente no verão quente e abafado de Ponte Nova.
Hipoteticamente, o Jardim, de Palmeiras, localizado na Praça Cid Martins Soares, em Palmeiras, só poderia, e deveria abrigar shows, eventos culturais, ecológicos, artísticos, além de feiras de artesanato e afins. Mais nada. Mas não é isso que vem acontecendo. Por ali vendem carros, motos, armam tendas com liquidação de lojas e para vender rifas e transformam a praça em verdadeiro mercado persa.
A Semam acaba de colocar lixeiras para melhorar o padrão de limpeza das belas saídas diagonais clássicas (o Jardim de Palmeiras foi concebido por inspiração de um jardim de Paris) e do espaço de múltiplo uso. Mais um apelo deste espaço ao prefeito Wagner Mol Guimarães: devolva o jardim para o povo, pois ele é do povo, como o céu é do condor!