Primeira dependente química a ser internada compulsoriamente para tratar o vício em Minas, Carolina Moreira Alves Pereira, 26, deve voltar para uma clínica de reabilitação. No último dia 10, a Justiça determinou que a jovem – que retornou ao crack algumas semanas após deixar o tratamento, em 2012 – seja internada mais uma vez. No entanto, até a noite de ontem, ela seguia sem tratamento e correndo riscos pelas ruas de Belo Horizonte. Em 7 de maio, Carolina foi atingida por oito facadas após fugir do Centro de Referência em Saúde Mental (Cersam) Leste, no bairro Santa Tereza, e se envolver em uma briga com moradores de rua.
“Quando eu cheguei lá, achei que ela tinha morrido. Agora, ela está roubando coisas na rua, e eu tenho medo que prendam ou matem minha filha”, afirmou a mãe de Carolina, a empregada doméstica Sônia Cristina Moreira, ressaltando que a filha continua levando objetos de casa e passa dias em pontos de tráfico de drogas da capital. Esta será a 73ª internação de Carolina.
O coordenador do Núcleo de Saúde da Defensoria Pública de Minas Gerais, Bruno Barcala, explicou que a decisão veio em segunda instância, após um primeiro pedido de internação ter sido negado em fevereiro. “Essas internações nunca são facilmente concedidas. Cerca de 30% a 40% das ações são deferidas pela Justiça. É uma minoria”, afirmou.
Somente neste ano, 26 pedidos de internação compulsória foram levados à Justiça pela Defensoria Pública na capital. O órgão informou que em 2012 foram 117 atendimentos em busca de internação – não há dados de quantos viraram processos judiciais.
Sem estrutura. A Subsecretaria de Estado de Políticas sobre Drogas informou que as 29 comunidades terapêuticas conveniadas em Minas não realizam esse tipo de internação. A pasta afirmou que a Secretaria de Estado de Saúde (SES) se encarregará do caso.
O presidente da ONG Defesa Social, Robert William, ponderou que as vagas femininas são escassas em clínicas de Minas Gerais, mas afirmou que é possível enviar Carolina para São Paulo, local onde ela se internou pela primeira vez. “Para mim, existe falta de interesse em fazer isso”.
O Tempo