O estudante de direito Arlindo Soares Lobo, de 36 anos, nega que tenha participado da morte de dois empresários no bairro Sion, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, em abril de 2010. Seu júri popular começou por volta das 9h15 desta segunda-feira (15), no 2º Tribunal do Júri do Fórum Lafayette. Lobo é um dos oito acusados de participar dos assassinatos. “Estou aqui falando a verdade. Anseio por justiça, assim como a minha família e os familiares das vítimas”, afirmou em depoimento.
O juiz Glauco Eduardo Soares Fernandes deu início à sessão com o sorteio do corpo de jurados, que está formado por três mulheres e quatro homens.
Segundo a assessoria do Fórum, quatro testemunhas foram arroladas para serem ouvidas, sendo duas da defesa e duas da acusação. No entanto, as partes dispensaram os depoimentos e o réu começou a ser ouvido.
Lobo responde pelas acusações de homicídio qualificado, extorsão, destruição e ocultação de cadáver e formação de quadrilha.
O estudante já conseguiu adiar por quatro vezes o julgamento e chegou a passar por teste de insanidade mental neste ano, o qual atestou que ele tinha capacidade normal de entendimento na época do assassinato. De acordo com as investigações, o estudante seria o braço-direito do publicitário Frederico Flores, suposto chefe da quadrilha.
Lobo está preso desde junho de 2010, atualmente no presídio Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Durante a manhã desta segunda, o estudante respondeu aos questionamentos do promotor e de seus advogados. O jovem afirmou que, enquanto estava preso, foi ameaçado de morte por Frederico Flores. Além disso, Lobo revelou que teve, em 2010, depressão por estar preso por um crime que não cometeu e que chegou a perder 27 quilos.
Durante a tarde, ocorrerá o debate entre a acusação e defesa.
Relembre o caso
Segundo as investigações, os sócios Rayder Rodrigues e Fabiano Moura foram sequestrados e levados para um apartamento no bairro Sion, em abril de 2010. Eles estariam envolvidos em esquema de lavagem de dinheiro e foram extorquidos pela quadrilha. Após obter dinheiro, o grupo assassinou os empresários. Os corpos foram encontrados carbonizadas em uma mata em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte. As cabeças e os dedos estavam cortados.
Além de Arlindo Lobo, Frederico Flores e Renato Mozer, os outros cinco acusados são Adrian Grigorcea, André Bartolomeu, Luiz Astolfo, Sidney Beijamim e Gabriela Costa.
Flores deve ir ao banco dos réus no dia 12 de setembro. Os outros cinco acusados tentam impedir na Justiça que o julgamento ocorra por meio de júri popular.
O ex-policial Mozer foi condenado em 2011 a 59 anos de reclusão, em regime fechado.
O Tempo