Carregando data e hora...

MATADOURO MUNICIPAL: NOVELA COM ENREDO MELODRAMÁTICO E SEM CAPÍTULO FINAL.

                As últimas notícias que circulam na mídia local dão conta de que a Polícia Civil desbaratou mais um abatedouro clandestino de animais. Cenas chocantes de vísceras cheias de moscas e animais mortos a machadadas, como numa história medieval. Tem registro de a TV Educar, em excelente reportagem de cobertura da ação policial. Agitação profissional da jornalista Clarissa Guimarães.

                  O assunto do Matadouro Municipal remonta aos tempos dos anos 70, quando existia um prédio no Triângulo (hoje funcionam igreja e banda de música). Neste local matavam bois e os interessados no abate tinham que pagar um valor financeiro pelo serviço, conhecido como “Taxa de Sangue”. Desavisadamente, o Poder Público autorizava o abate e o sangue ia para dentro do rio Piranga. Hoje seria crime ambiental enquadrado como danos a recurso hídricos.

                  O Prefeito Sette de Barros acabou com o Matadouro Municipal (1986) e doou toda aquela gleba de terra para instituições e para alguns “amigos”. Ele dizia o seguinte: “Aqui em Ponte Nova, o boi morre duas vezes: uma no pasto e outra no matadouro. A carne não tem procedência”. Feito isso, cada açougueiro passou a se virar.

                 Em 1990, a LOM/Lei Orgânica do Município, que teve a Relatoria do vereador Wilson Carvalho e Silva (morto em 1991), introduziu artigo pétreo que determina ser de competência exclusiva do Município a implantação dos serviços de feiras, mercados e matadouros. Com isso, não resta outra saída: o município tem que terminar a construção da obra e colocá-la para funcionar. Pode-se fazer convênio com a Associação dos Comerciantes de Carnes, como está previsto em TAC/Termo de Ajustamento de Conduta assinado com o Ministério Público.

                Participei desta novela desde 2002. Como participei também dos primeiros passos para criação do Plano Diretor de Esgoto pelo DMAES em 2004 que desaguaria no Tratamento de Esgoto com a construção de uma ETE. Fui protagonista na aquisição do terreno na estrada de Barra Longa (Fazenda Cachoeira, onde encontraram o ato clandestino) onde será instalado o Aterro Sanitário (2010). Trabalhei incessantemente para a regularização fundiária do Parque Natural Municipal Tancredo Neves (Passa-Cinco) em 2008.     

               É de se lamentar que o Poder Público não consiga sair do lugar nas questões ambientais de Ponte Nova. São quase 02 (duas) décadas de estagnação, sem sinal de luz no fim do túnel. Os problemas se arrastam no Ministério Público e nos escaninhos do Judiciário. Se cada Administração Municipal fizesse a sua parte, já teríamos Tratamento de Esgoto (pobre rio Piranga!), Coleta Seletiva de Lixo, Aterro Sanitário, Matadouro Municipal e o Parque do Passa-Cinco teria uma melhor destinação do que servir de depósito de lixo e resto de construção civil.