Não sei como está Marcelinho Polesca nesta altura do campeonato depois da explosão que fez vazar milhões de água e minério de ferro, da Anglo American, que foram parar no pequeno e doce Ribeirão Santo Antônio, que agora se transformou num rio da cor de sangue, como um prenúncio de morte. Acho que arrisco dizer que ele (Marcelo) está desconsolado, puto da vida e cheio de razão.
Em 2014, estive com ele na Fazenda Vitória, de sua mãe, Maria das Graças Polesca, para ver um projeto chamado ASAS-Áreas de Soltura de Animais Silvestres, que ele queria implantar em Santo Antônio do Grama. O Projeto Asas, parceria entre o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e o IBAMA/MG, tem a finalidade de aumentar o número de propriedades rurais propícias à soltura de animais silvestres em Minas Gerais. O programa identifica terrenos que possuem estrutura adequada para receber os animais. O projeto foi implantado, incluindo um Viveiro de Aclimatação de Animais, que chegam feridos ou estressados.
Naquela ocasião, aproveitamos para fazer fotos do início da construção naquelas terras e depois de constatadas diversas agressões, protocolamos no Ministério Público, em Rio Casca, denúncias que iam desde corte indiscriminado corte de árvores, soterramento de nascentes e até terra com pedras que rolavam para dentro do ribeirão que agora está sujo pela lama e minério da Companhia Mineradora Anglo American, conglomerado britânico. Pobre Minas Gerais, pobre Região do Vale dos rios Piranga e Doce. Pouco mais 02 (dois) anos e mais uma desgraça ambiental. E o IBAMA? Diz que não vai cassar a licença ambiental.
O Minas-Rio é o maior mineroduto do mundo, com 525 km entre Conceição do Mato Dentro (MG) e o Porto do Açu, em São João da Barra (RJ). Não houve vítimas, mas o abastecimento de água está comprometido, a ictiofauna do Ribeirão Santo Antônio foi pro saco e ainda vêm dizer, como aconteceu quando do lamaçal da Samarco, que não é tóxico. Tudo desmentido por técnicos e análises. Agora o papo é o mais furado possível!
Em 2014, pude ler diversas reportagens e relatos publicados numa série jornalística do jornal diário O TEMPO, que foi vencedor do Prêmio República de Valorização do Ministério Público Federal, promovido pela Associação Nacional dos Procuradores da República. A série de reportagens “Um Mineroduto que Passou em Minha Vida“, era assinada pelas repórteres Ana Paula Pedrosa e Queila Ariadne, com fotografias de Mariela Guimarães, publicada em março de 2014. O material jornalístico retratava um rastro de destruição deixado pelos 525 km do maior mineroduto do mundo, que a britânica Anglo American construiu.
O Ribeirão Santo Antônio passa pela fazenda Vitória, propriedade de Fernando Soares, pai de Felipe Polesca, que é sobrinho de Marcelo Polesca, esta irremediavelmente morto temporário no trecho atingido pela lama e pelo minério de ferro. Suas margens foram afetadas, pequenos animais morreram e os pássaros e o gado não podem ingerir suas águas para dessedentação. As famílias não usaram as águas para tomar banho ou cozinhar. Mais atos dramáticos, mais desespero, em nome de milhões de dólares que irão para as terras da Rainha Elizabeth, na Londres imperial!