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O encanto da vida vem das mulheres. Dotadas de especial sensibilidade, argutas na percepção das carências que rodeiam cada criança, cada ser, elas oferecem o cuidado essencial à existência. Guardam a vida nascente no ninho sagrado e escondido do seu ventre, onde o calor que aquece e o alimento que sustenta os filhotes são também os seus. Dão de si, tão grandiosa forma de gestar!

O olhar que elas trazem sobre o mundo tem um tanto de ética e outro de estética. Sua presença, às vezes notável, às vezes discreta, acende a chama da esperança, mercê da candura com que lidam com as ondulações de cada dia.

Toda essa beleza nem sempre mereceu o reconhecimento. Veio tarde a igualdade. Ainda há opressões, que precisam ser varridas. Mas a grande conquista, hoje consolidada, se deveu a lutas ousadas, heróicas, alcançando a grande revolução cultural: a mulher opera hoje no comando das nações, das empresas, do pensamento. No Brasil, não só a presidenta dita o tom: o planalto está ocupado por elas, assim como a maior estatal do país, a Petrobras, tem o comando de dona Graça.

Em 1791, Marie Gouze propôs uma Declaração de Direitos da Mulher e da Cidadã para igualar-se à Declaração dos Direitos do Homem, aprovada pela Assembléia Nacional da França, que não considerava as mulheres. Marie Gouze foi condenada como contra-revolucionária e guilhotinada em 1793.

No dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos de Nova Iorque fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica, reivindicando melhores condições de trabalho: redução da jornada para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas), equiparação de salários com os homens (recebiam até um terço do salário de um homem, fazendo o mesmo trabalho) e tratamento digno no ambiente de trabalho. A manifestação foi reprimida com absurda violência: foram trancadas dentro da fábrica e queimadas. Morreram carbonizadas 130 tecelãs. Em 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o “Dia Internacional da Mulher”, em homenagem às mulheres carbonizadas em Nova Iorque. E somente em 1975, a data foi oficializada pela Organização das Nações Unidas. Este foi também o Ano Internacional da Mulher.

No Brasil, com a multiplicação das discussões e das lutas, reconhece-se a condição feminina, com propostas na Constituição Federal e na elaboração de políticas públicas no enfrentamento e superação das privações, discriminações e opressões sofridas por mulheres. Conseqüência disso foi a criação dos Conselhos dos Direitos da Mulher, das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher, de programas específicos de Saúde Integral e de Prevenção e Atendimento às Vítimas de Violência Sexual e Doméstica.

Hoje, consolidam-se novas formas de estruturação e de mobilização, embasadas na criação de redes e articulações setoriais, regionais e nacionais, a exemplo da Articulação de Mulheres Brasileiras – AMB, da Rede Nacional Feminista de Saúde e Direitos Reprodutivos – RedeSaúde e de articulações de trabalhadoras rurais e urbanas, pesquisadoras, religiosas, negras,  entre outras.

A mulher conseguiu com dor e morte, o que merecia por direito e precedência.

A luta continua! Vida e Dignidade para todas as Mulheres!