Na semana que passou o Brasil ficou no olho do furacão nas questões ambientais. Alemanha não mandará mais dinheiro para monitorar a destruição (desmatamento) e queimadas na Amazônia. A Noruega acompanhou e retirou o apoio. O nosso presidente sentou a pua nas duas nações europeias e debochou: “Merkel deveria usar o dinheiro para reflorestar a Alemanha. A Noruega não é aquele país que mata baleias?”.
Bolsonaro não se conteve e publicou um vídeo onde aparecem baleias mortas e o mar tingido de sangue. Só que ele, mal informado, disse que aquilo estava acontecendo na Noruega. Mas, na verdade aquele vídeo (foto) foi feito por uma ONG preservacionista nas Ilhas Faroe, território da Dinamarca. E o episódio refere-se a uma tradição (horrível, diga-se de passagem!) uma vez por ano e um dia só.
Em cem anos, Europa ficou mais verde mesmo após duas guerras mundiais. Continente fez programas maciços de reflorestamento. Alemanha está na vanguarda do manejo florestal, com técnica que extrai madeira sem destruir o resto da mata. Hoje, depois de uma política de intenso reflorestamento, quase metade do território europeu é coberto por florestas.
Foi no Brasil que o mundo criou o princípio das “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”. A Rio-92 estabeleceu que cada país tem sua própria obrigação. Só que o meio ambiente é um assunto de todos. Diante de dados alarmantes, governos brasileiros tão diferentes (ao longo das sucessões) têm pelo menos uma reação em comum: ignorar esse combinado de 27 anos atrás.
O INPE não inventou estatística para dizer que o Brasil desmata a Amazônia. É fato registrado pelos satélites, equipamentos adquiridos com dinheiro europeu do Fundo Amazônia, da qual a Alemanha e a Noruega se retiraram. Mas, ainda resta esperança, pois o governador do Pará, Helder Barbalho, negocia para que os repasses sejam depositados em contas estaduais, que incluem a Amazônia, Acre, Rondônia, Roraima, Amapá e Tocantins. Isto ficará sem interferência do Ministério do Meio Ambiente, o que é um alívio.
As políticas públicas de reflorestamento no Brasil só saem do papel, quando a iniciativa privada paga medida compensatória ou faz parte do conceito de responsabilidade da empresa. Veja o caso de Ponte Nova: a Bartofil está reflorestando (anualmente) o topo de morro do Centro de Distribuição (CD) de Anna Florência. E nos anos anteriores contou com a parceria do Codema, quando eu era presidente. O CD recebeu as mudas de árvores nativas e frutíferas e a Bartofil quitou a medida com doação de mão de obra para plantio no Passa-Cinco. Simples, assim!