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Número de mortes de ilegais a caminho dos EUA aumenta

Tucson, EUA. Apesar de o número de apreensões de pessoas tentando cruzar ilegalmente a fronteira dos Estados Unidos ter diminuído, a fração de mortes nesse trajeto aumentou muito no último ano. “Menos pessoas estão cruzando, mas uma proporção maior delas está morrendo”, relata o antropólogo forense chefe do Serviço de Exame Médico de Pima County, Bruce Anderson.

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Enquanto o Congresso norte-americano debate as maiores mudanças no sistema de imigração do país, em décadas, restos mortais de 774 imigrantes que desapareceram na fronteira EUA-México aguardam por identificação no Serviço de Exame Médico do Condado de Pima, em Tucson, no Estado do Texas.

No último ano fiscal – que terminou em 30 de setembro de 2012 –, houve 463 mortes, o equivalente a cinco imigrantes morrendo a cada quatro dias, segundo uma análise do grupo de direitos humanos Agência da América Latina de Washington. Na época em que as estatísticas federais foram compiladas, só em 2005 havia tido mais mortes e, naquele ano, houve três vezes mais apreensões.

Com o fechamento do cerco na fronteira, forçando os imigrantes a procurarem rotas mais remotas e perigosas, o maior número de mortes aconteceu, no ano passado, ao longo da faixa de deserto que abrange a parte mais ao sul da Polícia de Fronteira de Tucson. O único trecho mais arriscado que esse é o Vale do Rio Grande, onde, de 1º de outubro de 2012 a 30 de abril deste ano, patrulheiros encontraram os corpos de 77 imigrantes – ou mais de metade do número de corpos coletados no mesmo lugar no ano passado, 150.

Em Tucson, o médico legista responsável pelas autópsias das fronteiras do condado de Brooks – onde a maioria das mortes aconteceu – recebeu 49 ossadas desde 1º de janeiro a 9 de maio, segundo Anderson. Cada uma recebeu um número, foi fotografada, catalogada, pesada e medida. As roupas, danificadas pelas intempéries do tempo, foram colocadas em sacos plásticos.

Por anos, a identificação dos restos mortais foi imprecisa, porque havia poucas provas. Poucos imigrantes de comunidades rurais pobres podiam ser identificados por meio dos registros da arcada dentária. Carteiras de identidade, encontradas em bolsos e mochilas, não eram confiáveis, pois muitas eram forjadas, compradas pelos imigrantes para ludibriar as autoridades no México, país que os imigrantes têm que cruzar ilegalmente antes de chegar aos EUA.

Reunir os restos – como, por exemplo, ligar uma mandíbula que chegou no início do trimestre a uma ossada que havia chegado anteriormente e não tinha mandíbula – é como montar um quebra-cabeças. Requer a busca manual de arquivos organizados com papéis coloridos no escritório de Anderson: uma prateleira para casos desde o fim da década de 90, quando havia poucas, e o resto para as mais de 2.100 mortes desde 2001.

“A causa e a forma da morte é fácil: ou está explícito, ou é indeterminada. É o que acontece na identificação da pessoa que pode demorar muito tempo”, explica o legista chefe do Condado de Pima, Gregory L. Hess. (Com Rebekah Zemansky)

Traduzido por Raquel Sodré

O Tempo