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Pesquisadores da UFRJ desenvolvem pesquisa para controlar obesidade

O Departamento de Nutrição e Dietética no Instituto de Nutrição Josué de Castro da Universidade Federal do Rio de Janeiro (INJC/UFRJ) está desenvolvendo um novo estudo no controle da obesidade, utilizando óleo de coco extra virgem. A equipe de pesquisadores pretende encontrar alternativa que possibilite a perda de peso e manutenção da dieta por longos períodos, especialmente em casos de doença crônica. 

Departamento de Nutrição e Dietética da UFRJ já iniciou a pesquisa com os voluntáriosDepartamento de Nutrição e Dietética da UFRJ já iniciou a pesquisa com os voluntários

Recentemente, o Ministério da Saúde divulgou uma pesquisa revelando que mais da metade da população brasileira tem excesso de peso. Os dados inéditos apontam que o aumento no número de pessoas obesas foi de 48,5% em 2011 para 51% em 2012, percentual primeira vez alcançado no país. 

A nutricionista Bárbara Regis, que integra o grupo de pesquisa, os estudos comprovam que os triglicerídeos de cadeia média (TCM) podem auxiliar no processo de perda de peso corporal, comparados com os triglicerídeos de cadeia longa (TCL), e o óleo de coco extra virgem é constituído por TCM. Bárbara explica que “os TCM são compostos de ácidos graxos, que contém entre 6 e 12 átomos de carbono, sendo principalmente encontrados no óleo de coco extra virgem e  no de palma”.

Homens e mulheres entre 20 e 40 anos estão participando como voluntários na pesquisa. Os voluntários foram diagnosticados com obesidade grau I, que representa um Índice de Massa Corporal (IMC) entre 30 e 34,9 Kg/m2. Os pesquisadores estão dando para eles ingerirem, diariamente, 15 ml de TCL e de TCM, óleo de soja e o óleo de coco extra virgem Copra. A intenção do grupo de estudo é comprovar a ação dos ácidos graxos de cadeia média (AGCM) no controle de peso corporal, prevenindo e tratando a obesidade.

As análises dos resultados serão feitas a partir de coletas de sangue, avaliações de metabolismo energético, avaliações antropométricas e de composição corporal dos voluntários, que ainda ficaram em acompanhamento médico por um período. Os exames serão realizados no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUFCC).

Um óleo diferente e metabolizado de forma rápida

O óleo de coco extra virgem, usado no estudo, é um produto genuinamente brasileiroO óleo de coco extra virgem, usado no estudo, é um produto genuinamente brasileiro

Estudos já comprovaram que o TCM gera energia rápida na mitocôndria (organela celular responsável por gerar energia). Outros tipos de gorduras, como os triglicerídeos de cadeia longa ou TCL – presente nos óleos vegetais – necessitam de enzimas para entrar nas mitocôndrias, acumulando-se mais rapidamente na forma de gordura corporal. Por sua vez, o TCM é metabolizado de forma mais rápida que o TCL. O TCM chega ao intestino na forma de ácido graxo de cadeia média e não necessita dos ácidos biliares para sair do intestino e atingir a circulação sanguínea.

A nutricionista Bárbara Regis, acrescenta que “o TCM presente no óleo de coco extra-virgem, pode aumentar o gasto energético do indivíduo por atuar na taxa metabólica basal ou TMB. A TMB em indivíduos obesos é reduzida, o que os torna metabolicamente econômicos: gastam menos energia e apresentam prioridade em estocar energia, aumentando o tecido de gordura corporal. Então, se o óleo de coco extra-virgem aumenta a TMB, haverá um aumento no gasto energético do indivíduo obeso”, esclarece a pesquisadora.  

O TCL necessita dos ácidos biliares. A substância se liga à albumina e chega ao fígado pela veia porta, enquanto que o TCL o faz pela via linfática. A velocidade do fluxo sanguíneo portal é 250 vezes maior do que o fluxo linfático, estimulando menos as vias biliares, a secreção de colecistoquinina e de colesterol. Esta alta velocidade e a facilidade de entrar na mitocôndria da célula hepática faz com que o TCM gere energia rápida pelas células (beta oxidação hepática) levando à maior formação de corpos cetônicos (relacionados ao aumento da saciedade), podendo ser usado por quem tem compulsão alimentar, principalmente por alimentos doces e gordurosos.

 

 Sobre a obesidade no Brasil

 Dados da Pesquisa de Orçamento familiar (POF) (2008-2009) revelaram que o excesso de peso corporal afeta 50,1% dos homens e 48% das mulheres, e a obesidade está presente em 12,5% dos homens e 16,9% das mulheres adultas. As tendências da transição nutricional, ocorridas nesse século, em diversos países do mundo, podem contribuir para ascensão dessa epidemia, uma vez que se aumentou o fornecimento de energia pela dieta, com alto consumo de gorduras saturadas, açucares e alimentos refinados, e redução da ingestão de carboidratos complexos e fibras, além da redução da atividade física, caracterizando o estilo de vida ocidental contemporâneo.