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“NÃO QUERO QUE CORTEM MEU PÉ DE MANGA!”, DIZ JANAÍNA TOLEDO, DA VILA ALVARENGA

De repente recebo na redação do Líder Notícias, mais ou menos 11 da manhã, quinta-feira, 16/12, a moradora da Rua Santa Terezinha. Ela veio pedir socorro para evitar o corte de uma mangueira centenária nos fundos de seu quintal, na margem esquerda do Rio Piranga (Área de Preservação Permanente). Sua emoção era tão grande que ela chorou. É mesmo, ela chorou. E me fez feliz. Já chorei várias vezes por causa de corte indiscriminado de árvores. Não pensei que iria ver isso em outro ser humano.

 

Tenho vários amigos, que ficaram indignados nos últimos e sombrios tempos em que o asfalto e as dívidas de campanha falam mais alto que a natureza. Mas, ver uma mulher chorando e apelando para que um pé de manga, que não oferece nenhum risco, conforme atestou o perito da Justiça engenheiro agrônomo José Márcio Couto, é de doer e condoer a alma. É por causa disso que eu e muitos companheiros lutamos desde 1977: RESPEITO AO VERDE!

 

Disse textualmente para Janaína que eu não tenho o poder que tinha nesta área. Se eu fosse presidente do Codema o pé de manga continuaria fazendo a alegria dos filhos da Janaína e Alexandre Lango. Ela continuaria distribuindo os frutos para os vizinhos, como sempre fez. A mulher decidida me trucou: “Quero que isto vire notícia e por isso te procurei. Foi meu marido (Lango) e minha sogra Nadir que sugeriram, pois sabemos que você protege a natureza!”.

 

O quanto isso me fez feliz, ninguém pode aquilatar. Liguei imediatamente para o secretário de Meio Ambiente, Bruno do Carmo. Uma ducha fria depois do calor humano. Ele disse que os técnicos da Semam fizeram um laudo para o corte. Como assim? O pé de manga não causa danos aos imóveis e está em APP, que é protegida por lei. Sugeri a Janaína que faça um recurso administrativo ao Codema/Semam.

 

Diversas árvores em Ponte Nova foram salvas por apelos públicos e ações de ambientalistas. Duas delas estão na Praça Getúlio Vargas, em frente à Matriz de São Sebastião. Dois magníficos exemplares da espécie Ficus sp, da mesma família das gameleiras. Ali, se posicionaram contra o corte: o motorista de táxi João Teixeira, eu e a engenheira agrônoma Cecília Gomides quando cismaram de derrubar uma delas, ainda em 1.999. Até um padre pediu para cortá-las para que a frente ficasse livre para que as pessoas pudessem ver a neogótica igreja. As árvores estão lá até hoje, 22 anos depois.

 

Um caso emblemático aconteceu em Raul Soares, em 2007, quando o IEF (Instituto Estadual de Florestas) emitiu um laudo para cortar a centenária mangueira do Bairro Tarza. “Antes de autorizar o corte da árvore centenária, deveria o IEF envidar esforços no sentido de salvá-la e assim preservar, não só a natureza, como também a história daquela comunidade”, despachou o juiz Dr. Marcus Vinicius do Amaral Daher, em ação movida por um advogado. A mangueira está lá até hoje, 14 anos depois.